Farol do Macúti, Beira

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Tuesday, May 14, 2013

ONG’s: As Novas Caravelas?



Séc. XII "Ide e Evangelizai!"
Séc. XX. (anos 80) "Ide e Ajudai!!!
Séc. XX "(anos 90) "Ide e Democratizai!"






Muito tem-se falado da cooperação entre povos e estados.A globalização a que muito se faz referência sempre existiu entre as nações eculturas no mundo. Sucede porém que algumas das nações mais ricas sempredesvirtuaram esta relação, transformando-a em relações desiguais e dominadorasdas nações mais fracas e aparentemente pobres.

Sem querer recorrer aos compêndios da História Universal,principalmente porque se referem a coisas que não vivi, e não possotestemunhar, vou falar de algo que assisti e vivi, o que me permite escreverestas linhas sem ter necessidade de citar a ninguém, por isso me sinto seguro econfiante no que escrevo. Não duvido dos factos, personagens da História,simplesmente acho que hoje não me ajudariam muito.

Depois das independências, principalmente a partir dadécada setenta e durante a década oitenta as relações entre os povos eram decerta forma caracterizadas por algum entendimento entre os respectivos estadose povos. As relações com a África não eram excepção, aconteciam debaixo destemanto de graças da igualdade e respeito mútuo. Os problemas africanos na alturaeram, imagine-se, os mesmos de hoje, de certa forma os africanos eram parte dasolução dos seus problemas e nunca o problema de per si.

Em África, depois das independências, salvo rarasexcepções de países como Angola, Moçambique, o Chade, a Namíbia, a RSA, oSahara Ocidental onde a existência de conflitos activos impediam o gozo plenoda autodeterminação o resto do continente vivia a Paz dos Anjos ou melhor a Pazdos Espíritos.

Com ou sem desvios, os problemas e as necessidadesbásicas foram, de alguma forma, atendidos e supridos pelos novos governos: astaxas de escolarização e de acesso aos cuidados primários de saúde subiram.Efectivamente as taxas de analfabetismo e de mortalidade materna e infantildesceram. Os novos poderes cumpriam o seu papel (?). Nessa altura África eraparte do 3.º Mundo, como o eram grande parte da América Latina e Ásia.

Naquela época as relações entre os governos africanos eseus pares europeus (principalmente) seguiam as normas aceites no concerto dasnações. Em África cidadãos europeus trabalhavam ombro a ombro com os seuscolegas africanos em relações de respeito, apesar de existirem algumasdiferenças baseada e justificadas na diferença de condições entre a África e opaís de origem. Apesar das diferenças os europeus aceitavam e respeitavam asdiferenças e aceitavam a nossa condição de países soberanos e independentes.

No final da década de oitenta, num processo geralmenteassociado ao desaparecimento da URSS e final da Guerra Fria, o mundo acordoupara uma nova era nas relações mundiais, a Ásia experimentou um boomeconómico, os Tigres, a Índia e oPaquistão, a China... ah! essa inventou um esquema que mistura Deus e o Diabo.Os ventos da mudança que sopraram depois da Guerra Fria não chegaram aocontinente negro, em seu lugar foi-lhe imposta uma nova maneira de viver, ademocracia e o pluralismo como condição sinequa non para o desenvolvimento. Se não foi imposto à Ásia, América Latinaporque precisávamos nós africanos de condições?

No final da Guerra Fria a natureza das relações com aÁfrica e o mundo mudaram. Novos fenómenos e elementos surgem na relação. Noinício e a pretexto de ajuda da crise humanitária causada pelas condiçõesatmosféricas adversas (a queda irregular de chuvas na região austral, adesertificação do Sahel e a fome na Etiópia), por conflitos políticos (GuerraCivil em Moçambique e Angola) o continente ficou pejado de prestativas esolícitas agências de ajuda (ONG’s) que em muitos casos nada mais faziam quecalcorrear de aldeia em aldeia, nas regiões em conflito agiam com uma imunidadeno mínimo, tirando fotos e tomando notas que não partilhavam com os governoslocais.

É importante referir que depois desta primeira vaga, queacontece logo após à queda da URSS, as relações entre África, Europa e América entraramnuma nova fase: O tom dos segundos tornou-se áspero e sobretudo autoritário epassaram a condicionar a sua ajuda: mudem isto, mudem aquilo, privatizem, façameleições, sejam democratas... As exigências são entregues à África porinstituições aparentemente neutras (o Fundo Fundo Monetário Internacional/BancoMundial) que se converteram numa espécie de novos colonizadores para os paísesmais pobres, pois a partir desta fase são eles quem determina o que se faz equando nos países pobres.

É neste contexto que acontece a segunda vaga, maisautónoma, maior e mais diversificada[1] das solícitas organizaçõescujos membros, munidos de computadores e internet governam paralelamente com osseus estados de origem as nossas vidas e os nossos países. Estes grupos depessoas que não respeitam as nossas tradições, cultura, a terra, as nossasautoridades, tal como há quase seis séculos os seus antepassados munidos dabíblia e da cruz o fizeram, são nada mais nada menos que os novos missionáriosde novas e modernas caravelas que se chamam ONG’s, que uma vez mais a pretextode ajudar, querem e estão a inaugurar uma nova era de domínio sobre África e assuas gentes.


God Bless Africa! Which God?

[1] Ambiente, Direitos Humanos, Género,Democracia, Criança etc., etc. um infindável rol de especializações.

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