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Alberto Paringofa
Ultimamente um debate tem vindo a despertar o meu interesse: o papel da juventude na sociedade actual, ou algo parecido, mas que tem como epicentro o papel e ou contributo da juventude nas tarefas actuais da nossa sociedade (politicamente falando).
Os jovens de hoje são livres, bastante até, têm grandes e melhores oportunidades, relativamente aos de outras épocas. Não passam por necessidades como nós, outros passamos. Têm naturalmente as suas dificuldades e os seus problemas, o maior dos quais uma crise identitária enorme.
Sem querer generalizar ou defini-los, na minha percepção vejo-os como filhos bastardos de uma revolução dilacerada e uma democracia incógnita. Os jovens de hoje são reféns de uma pseudoliberdade pessoal que lhes permite resolver questões de forma ad hoc e com resultados imediatos.
Há-de ser provavelmente a mais etílica das gerações moçambicanas. Bebem do amanhecer ao entardecer. Os seus programas mais interessantes são os que envolvem álcool e mulheres. Cantam e veneram o vício. Quando não são bem sucedidos culpam o Governo que não dá oportunidades ou coitados dos pais que já sofreram tudo o que tinham que sofrer neste mundo.
A sua percepção e filosofia de vida se limita a resolver os problemas pessoais a qualquer preço, género carro, boa vida, mulheres e dinheiro a qualquer preço. Limitantes morais? Éticas? Religiosas? Totalmente uma completa miragem e utopias, numa personalidade mais americana que os próprios americanos.
É um exercício inglório procurar referências morais ou éticas (regra quase geral) em indivíduos que renegam as suas origens culturais e condição. Detestam ser pobres (positivo: óptimo princípio para procurar enriquecer. Negativo: fazem literalmente de tudo para o não ser).
Culturalmente alimentam-se de subprodutos compactados em programas de televisão, ou à imagem de uma opulência fictícia da ribalta do estrelato internacional. Valorizam o imediato, justificam e glorificam o crime (não perdem uma oportunidade para “dar uma cabeçada” ou “partir o olho” a um matreco honesto qualquer ou a quem quer que seja, parente, amigo, colega desde que lucrem com isso.
Em termos comportamentais é uma geração indisciplinada na verdadeira asserção do termo. Desregrada por natureza e de uma rebeldia estúpida que raia a falta de respeito e o ilícito (idolatram o bandido, o artista está fora de moda). São verdadeiros kamikazes sexuais apesar da torrente de informação que consomem, em alguns casos disseminam, acerca da pandemia do século.
Não respeitam os mais velhos, pais, avós, professores, colegas, o Código de Estrada, o semáforo, a polícia, para falar a verdade não respeitam nada, nada mesmo a não ser o seu estúpido ímpeto de pseudoliberdade e de independência que mais lembra um estouro de bisontes que corre velozmente para o precipício. Stampede