Muito tem-se falado da cooperação entre povos e estados. A globalização a que muito se faz referência sempre existiu entre as nações e culturas no mundo. Sucede porém que algumas das nações mais ricas sempre desvirtuaram esta relação, transformando-a em relações desiguais e dominadoras das nações mais fraca e aparentemente pobres.
Sem querer recorrer aos compêndios da História Universal, principalmente porque se referem a coisas que não vivi, e não posso testemunhar, sem ser por Vou falar de algo que assisti e vivi, o que me permite escrever estas linhas sem ter necessidade de citar a ninguém, por isso me sinto seguro e confiante no que escrevo. Não duvido dos factos, personagens da História, simplesmente acho que hoje não me ajudariam muito.
Depois das independências, principalmente a partir da década setenta e durante a década oitenta as relações entre os povos eram de certa forma caracterizadas por algum entendimento entre os respectivos estados e povos. As relações com a África não eram excepção, aconteciam debaixo deste manto de graças da igualdade e respeito mútuo. Os problemas africanos na altura eram, imagine-se, os mesmos de hoje, de certa forma os africanos eram parte da solução dos seus problemas e nunca o problema de per si.
Em África, depois das independências, salvo raras excepções de países como Angola, Moçambique, o Chade, a Namíbia, a RSA, o Sahara Ocidental onde a existência de conflitos activos impediam o gozo pleno da autodeterminação o resto do continente vivia a Paz dos Anjos ou melhor a Paz dos Espíritos.
Com ou sem desvios, os problemas e necessidades básicas foram de alguma forma atendidos e supridos pelos novos governos: as taxas de escolarização e de acesso aos cuidados primários de saúde subiram. Efectivamente as taxas de analfabetismo e de mortalidade materna e infantil desceram. Os novos poderes cumpriam o seu papel (?). Nessa altura África era parte do 3.º Mundo, como o eram grande parte da América Latina e Ásia.
Naquela época as relações entre os governos africanos e seus pares europeus (principalmente) seguiam as normas aceites no concerto das nações. Em África cidadãos europeus trabalhavam ombro a ombro com os seus colegas africanos em relações de respeito, apesar de existirem algumas diferenças baseada e justificadas na diferença de condições entre a África e o país de origem. Apesar das diferenças os europeus aceitavam e respeitavam as diferenças e aceitavam a nossa condição de países soberanos e independentes.
No final da década de oitenta, num processo geralmente associado ao desaparecimento da URSS e final da Guerra Fria, o mundo acordou para uma nova era nas relações mundiais, a Ásia experimentou um boom económico, os Tigres, a Índia e o Paquistão, a China... ah! essa inventou um esquema que mistura Deus e o Diabo. Os ventos da mudança que sopraram depois da Guerra Fria não chegaram ao continente negro, em seu lugar foi-lhe imposta uma nova maneira de viver, a democracia e o pluralismo como condição sine qua non para o desenvolvimento. Se não foi imposto à Ásia, América Latina porque precisávamos nós africanos de condições?
No final da Guerra Fria a natureza das relações com a África e o mundo mudaram. Novos fenómenos e elementos surgem na relação. No início e a pretexto de ajuda da crise humanitária causada pelas condições atmosféricas adversas (a queda irregular de chuvas na região Austral, a desertificação do Sahel e a fome na Etiópia), por conflitos políticos (Moçambique, Angola) o continente ficou pejado de prestativas e solícitas agências de ajuda (ONG’s) que em muitos casos nada mais faziam que calcorrear de aldeia em aldeia, nas regiões em conflito agiam com uma imunidade no mínimo, tirando fotos e tomando notas que não partilhavam com os governos locais.
É importante referir que depois desta primeira vaga, que acontece logo após à queda da URSS as relações entre África, Europa e América entraram numa nova fase: O tom dos segundos tornou-se áspero e sobretudo autoritário e passaram a condicionar a sua ajuda: mudem isto, mudem aquilo, privatizem, façam eleições, sejam democratas... as exigências são entregues à África por instituições aparentemente neutras (o Fundo Monetário Internacional/Banco Mundial) que se converteram numa espécie de novos colonizadores para os países mais pobres, pois a partir desta fase são eles quem determina o que se faz e quando nos países pobres.
É neste contexto que acontece a segunda vaga, mais autónoma, maior e mais diversificada das solícitas organizações cujos membros, munidos de computadores e internet governam paralelamente com os seus estados de origem as nossas vidas e os nossos países. Estes grupos de pessoas que não respeitam as nossas tradições, cultura, a terra, as nossas autoridades, tal como há quase seis séculos os seus antepassados munidos da Bíblia e da Cruz o fizeram, são nada mais nada menos que os novos missionários de novas e modernas caravelas que se chamam ONG’s que uma vez mais a pretexto de ajudar, querem e estão a inaugurar uma nova era de domínio sobre a África e as suas gentes.
God Bless Africa! Which God Anna?
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